quinta-feira, 31 de maio de 2012

O FMI e Cobrador do Fraque

Recentemente estive em Lisboa e, como era de esperar, encontrei o FMI. Alto, magro e espáduo, com olhar circunspecto, de bigode, cabelo lambido e semi oculto pelo chapéu de copa alta, todo vestido de negro com a casaca a condizer. Era tal e qual como o tinha imaginado, talvez um pouco mais alto e magro, mas, no essencial, condizia exactamente com aquilo que eu pensava. Aliás, até julgo que existem muitas semelhanças com um outro personagem famoso, o Cobrador do Fraque. Só que este, à falta de melhor, procura uns pobres para poder receber algum; O FMI, esse anda atrás da alta esfera, para ver como é que a alta finança , aliada com o poder politico e mais uns quantos, desbarataram a economia nacional e deram cabo de todo o nosso sistema produtivo. Depois de descobrir tudo, há-de propor um financiamento adequado, com taxas de juro bastante confortáveis, para que os países mais ricos ganhem mais uns cobres à custa destes parvos que andam a dormir há imenso tempo. Assim, dizem os entendidos, esta oportunidade não pode ser desperdiçada, ou seja, batemos no fundo mas tal facto não é um drama, é sim uma oportunidade. Vendo bem, é mesmo uma oportunidade mas é para correr com esta cambada que nos trama todos os dias, com estes partidos políticos, com estes governantes incompetentes, com estes banqueiros especuladores e com todos aqueles lambe botas que fazem a côrte e batem palmas para adular este estado de coisas.E, então, no caso da banca é de pasmar! Quando estão à rasca lá vão em romaria ao Governo, pedir ajuda e, claro está, acabam por conseguir aquilo que querem, ou seja, quem lhes vai pagar a conta somos todos nós. Deviam de ser executados, os seus bens penhorados e entregues à fazenda pública, tal como acontece com todos aqueles que não conseguem cumprir com a banca e ficam sem as sua casas, muitas vezes o único bem que possuem. Quem é que tem coragem para por ordem a este estado de coisas? Já repararam que a ajuda que o FMI e a UE vierem a conceder é para ajudar o sistema financeiro? Façamos como a Islandia, não pagamos!E,para agravar a situação, os juros da nossa divida soberana não param de subir. Obviamente, quando o trabalhinho do Sr. FMI estiver concluído, os juros do empréstimo que aí vem , comparados com estes, até vão parecer uma pechincha! Mas, é graças a este personagem que vamos sobreviver. Só é pena é que daqui por uns anos vamos voltar ao mesmo, dado que está demonstrado que não temos emenda e como bons portugueses, lá vamos sobrevivendo, umas vezes melhor outras pior, vamos andando como se diz por aqui.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O SPREAD

Está na ordem do dia falar no "Spread". Muitos, ou quase todos, falam do Spread sem saberem ao certo do que falam ou opinam. Cá para mim, que nunca fui dado a intrigas, sempre associei o Spread ao nome do cão da minha vizinha;invariavelmente, ouvi-a chamar,em altos gritos, "Spread,vem cá".E lá ia o Spread, rafeiro por excelência e sem pedigree, cabisbaixo e rabo encolhido, porque a dona não era para brincadeiras.Mal sabia ele (o rafeiro) que o seu nome seria das palavras mais badaladas e pronunciadas por gente ilustre,incluindo banqueiros, ministros e também gente do povo, que utilizando o nome, não pretendiam fazer qualquer maldade ao animal mas tão só resolver os seus problemas financeiros.E assim foi, Spread para aqui, Spread para ali, constituiu-se um novo fenómeno, que adicionado à taxa de juro do mercado passou a constituir a margem de ganho para os bancos. Claro que estes, imediatamente, se sobrepuseram ao dito rafeiro, usurparam o seu nome e mandaram a minha vizinha às urtigas.Agora sim, os bancos desempenham efectivamente a sua vocação canina, pregam cada dentada que até dói e não há forma de largar o osso. E o nosso Governo, que rapidamente acode a banca e se esquece das pessoas, das pequenas e médias empresas e de toda a economia real é incapaz de chamar e fazer sentar o Spread.Ai que saudades da minha vizinha.Ao menos com ela o cão obedecia e metia o rabo entre as pernas;agora, com estes, está mais que visto que não vamos a lado nenhum. É caso para dizer, "deita-te Spread".

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Os Economistas da minha terra

Lá diz o ditado popular que de médico e de louco todos temos um pouco. E,parece-me que é verdade pecando, talvez, por defeito, uma vez que este adágio popular poderá ser estendido a outras áreas do conhecimento, como é o caso da Economia. Alias, tem muitas semelhanças com aqueles treinadores de bancada que, invariavelmente, não perdem um jogo, fazem as substituições adequadas e em tempo oportuno, nunca se enganam e são sempre ovacionados no final do jogo. Na Economia passa-se algo de semelhante; são "economistas" aos milhares que opinam sem saberem bem acerca de quê, referem um ou dois autores conhecidos para valorizar as suas predestinações, assumem pose intelectual e toca a despachar um sem número de lugares comuns, porque o que interessa é a verborreia intoxicante que importa relevar, para gáudio de uns e lamento dos demais.